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- Contos - O CASO DA VIÚVA
Posted by : Léo
sábado, 5 de julho de 2014
Na capela onde todos
aguardavam a chegada da urna com o corpo para ser velado, pairava um imenso
sentimento de desolação e tristeza em todos ali presentes.
Embora ele não gostasse
e sempre que podia evitava ir a cemitérios e velórios, pois aquele sentimento
fúnebre e sombrio me trazia uma enorme angustia e desconforto.
Eu estava ali, porque
fora obrigado pelo chefe, pois o falecido era um dos maiores clientes da
empresa em que ele trabalhava. Fora designado para representar a mesma, sendo
incumbido de prestar as condolências fúnebres a todos os familiares em nome da
empresa.
Em meio a todas as
pessoas ali presentes, ainda não havia conseguido identificar a viúva e os
filhos do falecido.
Decidiu então, ir à
lanchonete para tomar um café e fumar um cigarro enquanto aguardava o rabecão
chegar.
A aflição e desconforto
o incomodavam diante daquele ambiente. Estipulou então que assim que o corpo
fosse colocado na sala mortuária, ficaria ali apenas para prestar as
condolências, cumprindo sua obrigação e daria o fora daquele lugar.
Passado algum tempo, o
veiculo com a urna, estacionou próximo à entrada da capela e o corpo foi
retirado, sendo levado para dentro para ser velado e posteriormente sepultado.
Em sua mente, aquela
situação era absurda. As pessoas ficavam ali todas consternadas e chorando,
cultivando o sofrimento e a dor por varias horas diante do caixão ate o
sepultamento.
Via todo àquele ritual
e a única definição que tinha para tudo aquilo era de extremo masoquismo.
Após o caixão ser
aberto, a comoção de todo o ambiente.
Muitas lagrimas e lamentações, seguido de um choro compulsivo. A
aglomeração em pequenos grupos do lado de fora as pessoas comentavam algumas
estórias sobre o morto. Todos conversavam em tons baixos, quase aos sussurros,
respeitando a memoria e a dor dos familiares ali presentes.
Aproximou-se da urna e
ficou ali por alguns minutos vendo o defunto sem pensar em nada especifico
sobre o mesmo.
De repente, uma grande comoção e tristeza contaminaram a todos diante do
choro desconsolado da viúva que chegara naquele instante.
Preferiu deixar o
recinto por alguns instantes e retornar posteriormente para prestar as
condolências à viúva, pois estava sufocado com tudo aquilo a sua volta.
Algum tempo depois, quando as coisas já estavam um pouco mais calmas,
retornou ao interior da capela com o intuito de externar sua tristeza e nome da
empresa junto à viúva e os filhos e tão logo o fizesse, deixaria aquele
ambiente mórbido e frio.
Ao se aproximar da
viúva e abraça-la, consolando toda sua dor, não pode deixar de sentir o cheiro
adocicado de seu perfume. Algo de estranho lhe acontecera naquele exato momento
em que seus braços envolviam a mulher.
Uma espécie de arrepio envolveu todo o seu corpo. Aquela sensação
estranha e ao mesmo tempo excitante mexeu com toda a sua sensibilidade
masculina, causando uma volúpia e uma descontrolada atração pela viúva. O
desejo de possui-la movido pela excitação irracional e absurdamente louca.
Permaneceu ali abraçando a mesmo por um breve instante. Sentiu uma
imensa e insana vontade de permanecer ali naquele lugar abraçando aquela
mulher e a consolando enquanto ela choramingava em seu ombro.
Desejou os pêsames aos
filhos que ali também se encontravam e se afastou por alguns metros e ali ficou
parado, em pé, diante do morto.
Começou então a olhar e analisar cada detalhe daquela mulher que havia
lhe despertado uma enorme compulsão sexual, da qual jamais sentira ate então
durante toda a sua vida.
Abatida, com os olhos vermelhos e fundos, os cabelos desajeitados e a
expressão facial de enorme sofrimento, tudo isto, não era capaz de se
sobressair diante de toda a beleza e o ar de requinte cuja vaidade
imperava tornando-a extremamente sedutora e atraente.
Não se conteve. Deslizou seus olhos de forma lenta e sedutora por todo o
corpo daquela mulher que de forma totalmente inexplicável, mexeu com seus
desejos mais íntimos. Tornozelos bem torneados, coxas grossas e maciças.
Quadril e busto simétricos, seios fartos e insinuantes, bunda grande e gostosa.
Imaginou como seria ter aquela mulher nua em sua cama, sentindo sua pele
macia, seu cheiro, seu corpo escultural. Percorreria com sua língua por toda
aquela beldade em cada parte do seu corpo delicioso e bem cuidado de forma
carinhosa e maliciosa. Enquanto ele esbanjava toda a sua perspicácia e
habilidade, ela tomada completamente pelo desejo e pelo prazer, puxaria seus
cabelos apertando a cabeça dele por entre suas coxas suspirando prazerosamente
enquanto ele a chupava insaciavelmente.
Ao retornar de seus delírios fantasiosos, retomando o controle de seus
pensamentos, percebeu que a mulher o olhava de forma profunda, como se soubesse
tudo o que ele estava imaginando durante seus momentos de devaneios.
Ocorreu-lhe que o extraordinário poderia estar acontecendo, pois
percebeu que a mulher demonstrava certa atração por ele olhando fixamente em
seus olhos.
Por mais que quisesse, não conseguia sair dali perdendo completamente o
desejo de ir embora daquela cerimonia fúnebre.
A troca de olhar com a viúva, passou a ficar mais intensa e insinuante.
Ele sentia que se ela pudesse atiraria em seus braços agarrando-o e o beijando
descontroladamente.
Desviou o olhar da mulher e olhou para o cadáver por alguns instantes.
Começou a imaginar como poderia ter sido a vida daquele homem quando ainda
estava vivo. Com certeza sua vida teria sido agraciada por momentos de intensos
prazeres ao lado daquela mulher tão magnifica.
A fisionomia do homem, agora gélido e sem vida, expressava um ar de
tranquilidade. A impressão que eu tinha era a de que ele havia vivido tudo
muito intensamente. Morrera em paz.
Sem que eu percebesse, a viúva aproximou-se de mim enquanto eu estava
ali de frente o morto pensando em tudo aquilo. Pegou em minha mão de forma
consistente, como se quisesse me passar um sinal ou transmitir uma mensagem.
Ela tirou os óculos escuros, olhou em meus olhos e perguntou:
- Tenho a impressão de que o conheço de algum lugar, mas não sei de
onde. Você mantinha relações comerciais com o meu falecido marido?
Ele percebeu então que a mulher segurava sua mão como se não quisesse
soltar. Sentiu suas mãos macias e finas, bem cuidadas, as unhas bem feitas, na
mão esquerda a aliança e no mesmo dedo um anel de brilhante.
Respondi então a viúva, olhando fixamente em seus olhos:
- Sim claro. A nossa empresa realizava diversas transações comerciais
com seu finado marido. Seus negócios com nossa instituição sempre foram de
grande expressividade. Infelizmente durante todos estes anos, não tive o prazer
de conhecê-la pessoalmente.
Naquele instante, pude perceber nos olhos da mulher, embora
lacrimejantes, certo ar de desejo por mim. Ficamos nos olhando fixamente por
alguns instantes. A vontade que tive naquele momento era de agarra-la em meus
braços e possui-la ali mesmo loucamente tamanho era o meu desejo por ela.
Um amigo de seu finado marido, neste momento se aproximou e a puxou pelo
braço, lhe abraçando prestando-lhe as condolências e lastimando-se com a perda
do amigo. Conversaram por alguns instantes e logo a viúva pediu licença para ir
ao toalete.
Neste momento, já se dirigindo rumo ao toalete, ela se virou e lançou um
olhar fulminante em minha direção. Provocantemente ela parecia implorar para
que eu a seguisse até o mesmo.
Impulsivamente sai imediatamente atrás daquela mulher que me fez perder
completamente o juízo. Situação esta que me fazia sentir um enorme frio na
barriga, pois jamais em minha vida havia acontecido algo parecido.
Adentrou em uma sala bastante reservada, somente onde os parentes mais
próximos do falecido tinham acesso e logo a frente avistou a mulher parada em
uma porta que dava acesso ao banheiro. Ela virou e lançou um olhar fulminante
em sua direção. Sem levar em consideração qualquer tipo de consequência diante
daquele ato de extrema loucura, entrou atrás da mulher e trancou a porta.
Já do lado de dentro, tanto ele quanto ela, completamente tomados pelo
intenso desejo um pelo outro, não perderam tempo. Ele a segurou pelos braços
dando um beijo caliente arrancando suspiros.
Os dois completamente embalados pelo desejo e possuídos por uma
insanidade eróticamente avasalladora, despiram-se e movidos pela enorme
atraçao, se entregaram ao prazer ali mesmo no chão. A pesar da escassez do
tempo que durou o ato libidinoso, foi o suficiente para saciar ambas as partes.
Ao final da louca e totalmente improvável situação de una relação
amorosa completamente surreal, eles vestiram suas roupas, abriram a porta do toalete
e saíram em direção a lados opostos.
Escrito por: Leandro Vieira